Texto de Matheus Alexandre no “Le Monde Diplomatique Brasil” aborda os diferentes cenários de guerra espalhados pelo mundo, entre eles o conflito Israel Hamas.
Diz o texto: “Dito isso, precisamos achar, nesse doloroso momento, uma oportunidade para revisitarmos debates importantes do campo progressista que permanecem intocáveis e que, ao longo das décadas, se transformaram em tickets ideológicos indispensáveis para que se receba a carteirinha de “esquerda de verdade”. A maioria desses dogmas, como é de se imaginar, são espantalhos mal compreendidos: sionismos, antissionismos e antissemitismos. A dificuldade de escrever sobre uma temática tão delicada em um momento tão polarizado é que dificilmente um leitor radicalizado manterá uma postura intelectualmente aberta à posição do outro. Aprendi com os meus mais velhos: “ouvir não é escutar”. Ler para refutar é ler procurando o que há de errado na posição do outro. É ler procurando o viés de confirmação da própria posição. Ler para estabelecer pontes de diálogo, no entanto, é ler com disposição para a alteridade. Somente com esta última posição é possível fazer uma política de fato democrática. Criou-se um mito muito difundido de que judeus rejeitam quaisquer críticas ao Estado de Israel, pois estas seriam antissemitismo. Isso não é verdade, e quem compartilha dessa posição está equivocado”.